domingo, 19 de janeiro de 2020

Sou do cerrado

Eu sou o inconstante, cerrado
Cascudo, tortuoso, árido barro
De plano e desigual traçado
Sou flor, cascalho, piçarro
Espírito aveludado e sulcado
Eu sou a areia, a pedra, o ar
A fonte original do ser amado
Filho da gariroba, buriti, açuá
Adormecido ao som da seriema
Razão de ser, pois aqui é meu lugar
Onde arado, foiça e ara o meu poema
E no riacho a paca é alvo de paquerar
Sou a dura lida do lavrador que da terra é emblema
Sou palha de sapé, casa de pau a pique, lar
Sou o monjolo que pila e move a vida
O machado que corta a lenha pra cozinhar
Sou o esforço suado, quimera aqui parida
Sou poeta do cerrado, místico, santuário e altar
Do reisado, da catira e sua tradicional batida
Aqui vai repousar o meu olhar...
Neste cerrado versado, torto, certo e errado...
Que o desencanto encanta o poetar...
Onde o dia tem um fim, mas todo final é um começar.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

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Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

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