segunda-feira, 29 de junho de 2020

Ausência

Hoje eu permitirei que a saudade morra em mim

Os teus olhos agridoce me engulam de solidão

Porque nada te poderei dar, senão, está dor sem fim

Exausto me vejo na janela, e o quarto na escuridão

Ao fundo, uma melodia ao som de bandolim.

Assim, me sinto na tua lembrança e tu na minha emoção

Não te quero ter por apenas te ter, quero ir além

Porém, cada gesto, palavras, suspiros, a alma em convulsão

Então, não diz nada porque o teu silêncio me convém

Os teus abraços em outros braços enlaçaram.

Sinto que estas distante e sem uma tal essência

Eu deixarei… tu irás, e as madrugadas companhias serão

E assim, eu serei e você será… ausência!

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

Junho de 2018 - Cerrado goiano

Paráfrase Vinícios de Moraes

 

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Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/3AJmP8w97Vk

 


CAOS (soneto - II)

Do fundo da minha poesia, ouço e canto

Uma inspiração em suspiros e peugadas

Da imaginação, nas sofrências magoadas

Em um pélago de devaneio e de encanto

 

Às vezes, um torpor de o meu pranto

Escorre pelas rimas e pelas calçadas

Dos sonetos, são saudades coalhadas

Clamor da dor que retintim no tanto

 

Da alma ... assim agonia, glória e luto

Poetam choro e hosana, no meu fado

Numa fermentação de um senso bruto

 

Então cá pelas bandas do seco cerrado

Os uivos do peito que aqui então escuto

Transforma o caos em um poema alado

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

29, junho de 2020 - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

 

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Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/-N4q-X1J40s


sábado, 27 de junho de 2020

BARCOS DE PAPEL (soneto)

Na chuva da temporada, pela calçada

A enxurrada era um rio, e o meio fio

O teu leito, com barragem e desafio

Na ingênua diversão da meninada

 

Bons tempos felizes, farra, mais nada

Ah! Os barcos de papel, inventivo feitio

Cada qual com um sonho e um tal brio

Navegando sem destino, a sua armada

 

Chuva e vento, aventura e os barquinhos

Tal qual a fado nos mostra os caminhos

E a traçada quimera no destino velejada

 

Barcos de papel, ah ideais, são poesias

Que nos conduzem nas cheias dos dias

No vem e vai, no balanço, da jornada...

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

27/06/2020, 11’05” – Triângulo Mineiro

 

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Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/T268C7H4jLU



sexta-feira, 26 de junho de 2020

Flor de manjericão...

Pequenina branca flor... frágil menina

que encanta

tão cristalina

plural planta

É tradição!

É de junho!

- da canção de São João!

De perfume peculiar

especial sabor.

Teu cheiro sai pelo ar...

Minúscula flor!

Impossível não te notar!

Maiúsculo frescor!

Manjericão de todo lar!!!

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

26/06/2020 – Triângulo Mineiro

Olavobilaquiano

 

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SEXAGENÁRIO (soneto)

Velhice. Um novo horizonte num outro amanhecer

Lúrida, o vigor sem luz, roto e frágil; o pensamento

No ontem, a tremer, e o olhar revoando pelo vento

Cambaleando na encosta do tempo, e ali a descer...

 

Passa. Passando. Sucessivo, um novo sentimento

Que sombreia a fronte, o eu e o querer nesse ter

Sentir, ser, afinal, ainda no roteiro do poder viver

Amparando os passos, desamparados, sofrimento

 

E neste encanecido silêncio, a cada passo a ilusão

Volta, evocando o sentido do velho terno coração

Deixando a saudade solta pela lenta madrugada

 

E cochila o olhar: e o olhar alucinado, tão calado

Cabeceia nos segundos empoeirados do cerrado

Incomodado, tal um leão em uma furna apertada

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

26/06/2020, 09’33” – Triângulo Mineiro

Olavobilaquiano

 

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quarta-feira, 24 de junho de 2020

IMPRECAÇÃO (soneto)

Se por falta de inspiração, numa furna escura

Me vejo adormecido no vazio e na imprecação

- Agora, solitária e inerte, cheia de amargura

Minha poesia suspira e rascunha sem demão

 

E, em versos tortos e com uma certa loucura

Devaneia nas linhas sem qualquer emoção

Onde o silêncio escreve agonia que tortura

Em trovas choradas e sangradas do coração

 

Maldita sejas pelo lampejo sem sentido

Pelo vão que toma conta do meu prover

Pelo romântico versejar no falto perdido

 

Pelos amores deixados sem deles ser

Pelo prazer que passou a rimar doído

Pela poética essencial tirada do viver

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

24/06/2020, 10’43” - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

 

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Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/5FuwyMu-EFc

 


domingo, 21 de junho de 2020

NUMA TARDE DE INVERNO NO ARAGUARI

Inverno. Em frente ao cerrado. Está frio

A nevoa espessa na calçada, miro absorto

Pela janela. Rodopia o vento, num assobio

Vai e vem, arrepio, tá frio, um desconforto

 

O silêncio aqui dentro, lá fora um vazio

Sinto calafrio, que frio, à tarde no orto

E o pensamento em um devaneio vadio

E o sentimento angustiado num aborto

 

Ai que frio! Tá frio! E a poesia por aí

Numa tarde de inverno em Araguari

E a noite mansa chega assim tão triste

 

E eu olho o céu deserto, avermelhado

É de frio! O inverno é todo o cerrado

Banhado deste frio, tá frio! Que insiste!

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

21/06/2020, 16’12” - Araguari

Olavobilaquiando

 

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TUA AUSÊNCIA (soneto)

Sofro, ao recordar-te, com minha saudade

Da tua ausência. Meu poetar se transporta

Minha alma se vê numa penúria que corta

E meu sossego, nervoso, cheio de vontade

 

É verdade, toda essa minha infelicidade

Que percorre está poesia, aqui tão torta

Escorrendo por motivo que não importa

Largando os versos, árduos, na ansiedade

 

Aí, que confuso clamor que transtorna

Das orgias das trovas de outrora fausto

E agora, penosas e tão malfeito se torna

 

Ofensiva sensação, funesto holocausto

Que na solidão figura, e na dor amorna

A vazia inspiração e, o silêncio exausto

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

21/06/2020, 09’43” - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

 

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Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/pJTEwRTqim4


quarta-feira, 17 de junho de 2020

CONCERTO... (soneto)

Concerto... de performance revestido

Em admiração e espanto, na cor canela

Onde o céu em rubor dispa da aquarela

Musicando e luzindo o horizonte pálido

 

Divinal, tal sinfonia com poético sentido

Desce a túnica da noite com lua e estrela

Deixando o sol com a alumiação de vela

Num cenário de um sentimento prazido

 

Orquestra, ó cerrado do Triângulo Mineiro

No sossego e silêncio doidejante e faceiro

Matizando o sertão com música e poesia

 

São acordes de cores de um cancioneiro

Cheio de harmonia e de mágico cheiro

Compondo-se de atração nesta noite fria

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

17 de junho, 2020 – Triângulo Mineiro

Olavobilaquiando

 

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terça-feira, 9 de junho de 2020

SONETO D’ALVA

Ao luzir d’Alva, vejo o céu do Triângulo Mineiro

Num raiar tingido, diverso, e cheio de feitiços

No entreabrir do cerrado em encantos noviços

Ai! que rico cenário! ai! que cenário faceiro!

 

Ao lusco fusco os pintalgados em reboliços

Na mangabeira, no ipê, no jatobá e coqueiro

Mesclando o espírito do sertão por inteiro

Ai que afáveis viços! ai! que afáveis viços!

 

Abarroto de encanto, olhos cheios d’água

Ai que diversa aurora! ai! diversa aurora!

Em suspiros, no fascínio dissipo a mágoa

 

O dia raiando, numa mais que perfeita hora

Raios de sol doirando e invadindo a purágua

Fulgindo a imaginação na madrugada sonora

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Sertão da Farinha Podre

Triângulo Mineiro, 09 de junho, 2020

Olavobilaquiando

 

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Cantinho...


Sabe aquele lugar no cantinho, bem seu,

onde a sua inspiração habita

Pois bem: é ali que fico eu, 

os sonhos, pedaços da minha escrita.

Longe da vista de tudo e de todos...

- meu cantinho, que a quimera edita 

os rodapés da página são sem lodos

e, a poesia mais bonita...

Ali tento ser melhor. Sem engodos! 


© Luciano Spagnol - poeta do cerrado 

Sertão da Farinha Podre 

Triângulo Mineiro, junho, 2020


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domingo, 7 de junho de 2020

SOLIDÃO INQUIETA

Inquieto no peito os soluços e os gritos

Do silêncio que rege uma tal despedida

Há choro, lamento, e tarares contritos

Para, infeliz, galgar o prosseguir da vida

 

Teu cheiro, nos meus dias viraram ritos

O meu capricho está sempre de partida

E os meus ineditismos estão proscritos

Sem tu, o coração é uma imensa ferida

 

Mas tua alma ficou, tatuada na poesia

E assim os sonhos confidencias pra lua

Das noites de devaneios, amor e magia

 

E nas trovas de solidão inquieta e nua

O poetar é de dor em forma de agonia

De quem vagueia despovoado pela rua

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

07 de junho de 2020, Triângulo Mineiro

Sertão da Farinha Podre

Olavobilaquiando

 

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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Violeta



De alma secreta

a violeta:

casta, delicada, serena

tão bela, pequena

e, grande no esplendor

dos amores uma flor

da paixão os afagos

de doces pressagos 

beleza e poesia

luzidia magia...

Delicado cristal

Ó formosura universal

que acalma a alma inquieta

és tu... Violeta!


© Luciano Spagnol - poeta do cerrado 

17’32”, 5 de junho 2020, Araguari

Sertão da Farinha Podre


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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Cheira o cerrado

O cerrado é desengonçado, e cheira bem

Ipês, pequis, caliandra bom cheiro tem

Na madrugada cheira o manacá

Na queimada cheira fumaça, e o jatobá

Cheiro bom, tem! Secura e chuvarada

Cheira também. Aqui a saracura tem morada

E o lobo guará, cheiro forte da mata vem

É cheiro do cerrado, autocrata, cheira bem

Quaresmeiras matizam o chão cascalhado

E perfumam também, é encantado, alado:

- O sol no horizonte um cheiro provém

É o cerrado, cheira bem!

Cheiro de vida tem!

Saudade, infância, ao seu lado

Inspiração detém, cheira o cerrado

Um prezar refém, faz ir além

Sentir o cheiro que ele tem...

Cada canto tem cheiro e magia

O cerrado exala cheiro de poesia

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

04/06/2020, 16’34” – Triângulo Mineiro

Sertão da Farinha Podre

Paráfrase César de Oliveira

 

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quarta-feira, 3 de junho de 2020

SEPARADO (soneto)

À saudade que sofre, em segredo

De ti, no exilio o peito a suspirar

Palavras sem sentido e enredo

Chora, e faz o poema lacrimejar

 

Com que estro e aperto azedo

Amargam os versos a lamentar

Causando nas rimas tal medo

Que fende com a dor a rasgar

 

Nem só desejo poetar o amor

Desejo, nem só canto de amar

Me basta, trovas do teu beijo

 

Assim, poder ter conto rimador

E as estrofes do seu doce olhar

Na esquina da poesia, almejo...

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

03/06/2020 – Triângulo Mineiro, MG

Sertão da Farinha Podre

 

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segunda-feira, 1 de junho de 2020

NUMA TARDE

Dentro do crepúsculo no horizonte

Do entardecer do cerrado luminoso

No céu espalha o devaneio ramoso

Encanto peculiar, e plural viva fonte

 

Entrelaça-se, nas cores, em monte

Em um sintoma mágico e viçoso

Se vestindo de um atrativo fogoso

Corando o ar no dia em desmonte

 

O silêncio da tarde corre fugidio

As pombas gorjeiam no beiral

E o sol empalidece num arrepio

 

É a noite saindo do véu virginal

E o vento em um afiado assobio

Poetando um entardecer casual...

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

Numa tarde, 2020

Sertão da Farinha Podre, Triângulo Mineiro


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Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol