segunda-feira, 31 de agosto de 2020

OUTRA RUA

Onde estou? Está rua me é lembrança

E das calçadas o olhar eu desconheço

Tudo outro modo em outra mudança

Senti-la, saudoso, no igualar esmoreço

 

Uma casa aqui houve, não me esqueço

Outra lá, acolá, recordação sem herança

Está tudo mudado do tempo de criança

Passa, é passado, estou velho, confesso

 

Estória de vizinhança aqui vi florescente

Pique, bola: - a meninada no entardecer

Hoje decadente, e conheço pouca gente

 

Engano? essa não era, pouco posso crer

Ela que estranho! Se é ela ainda presente

Nos rascunhos, e na poesia do meu viver...

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Agosto de 2020, 31 - Cerrado goiano

 

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https://youtu.be/WHbrwX93t3A

domingo, 30 de agosto de 2020

REVERSO E VERSO

Esse suspiro que padece no coração

Que vês no duro e infeliz sentimento

Estendendo o pesar para a emoção

Deplora na saudade em sofrimento

 

lhano fui, e vergou-se em desilusão

Reverso e verso nesse sacramento

De uma doce afetividade em vão

Desgraçado fado, ó gasto lamento...

 

Ontem, gozo e sorriso ardente

De braço dado a qualquer hora

Esse amor era o amor da gente

 

E tal uma desordem, hoje chora

Na solidão, triste sina, dor sente

Esse amor que estimei outrora...

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

30/08/2020, 05’49” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/fn6zojUDsX0

sábado, 29 de agosto de 2020

VELHO CERRADO

Olha este velho cerrado, tão belo

De savanas cascalhadas e, antiga

Quanto mais desigual mais se diga:

- Triunfante na idade e no singelo

 

Buritis, ipês, horizonte no paralelo

Arranjam, livres, e o diverso abriga

Em sua melancolia e a árdua cantiga

Do vento nos tortos galhos em duelo

 

Não choremos, sertão, a tortuosidade

Admiremos cada traço, admiremos

Como obra prima deve ser admirada

 

Na glória do vário és tu, majestade

Governando o encanto que vemos

No mago fascínio da meseta velhada

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

29/08/2020, 13’49” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/D6xWlxX-RGo

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

ESPERA (soneto)

Ah! quem dera que as lembranças de outrora

Inda aromatizasse! Ah! e que assim pudera

O tempo de ontem fosse o tempo de agora

E não só este imaginar: - a outra primavera

 

Já não se tem mais uma extasiada aurora

No vetusto ser, tudo é igual, sem quimera

Onde a imaginação era de hora em hora

Agora, silêncio. Ah! como díspar quisera:

 

Debruçado nos sonhos, e o sonho recendia

O desconhecido, cheio de poesia intensa

No brotar do alvorecer duma nova hera

 

Ah! quem me dera que isto, fosse um dia

Uma razão, e não devaneios d’alma densa

De saudades, que poeta suspira e espera...

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

28/08/2020, 15’18” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/8MCw1IqywEA

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

VELHO TEMA

Só a graça da poesia, em toda a sensação

Palia o engano de um amor, mais nada

Nem mais os soluços do infeliz coração

Disfarçam a dor da devoção malograda

 

A insistente quimera por ela estacada

No seu encanto, chora toda a emoção

Da desilusão: no canto, na rima falada

Criando outro sonho, de novo a paixão

 

E, nessa inspiração que supomos

Duma tal felicidade que sonhamos

Em cada versejar, a verdade somos

 

Assim, nessa concordância, sejamos

O olhar, o afago, se na prosa fomos

O sentimento, ai no amor estamos!

 

© Luciano Spagnol- poeta do cerrado

27, agosto de 2020 - Cerrado goiano

 

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https://youtu.be/ImYaeoMkzts

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

SUSPIROS PROFUNDOS

Ninguém sentiu o meu choro inseguro

Ó dolorosa dor entre as dores minhas

Embriagada solidão, máculas daninhas

O falto para mim foi silencioso e duro

 

Permaneceste no pensamento escuro

Vazia e casta, tristes eram as tadinhas

E chegaste a ter mais do que tinhas

Tornando-te em um flagelo impuro

 

Invisível tornou o meu sofrer inquieto

A minha poesia, o sentimento secreto

Jorrados do sentir, ali tão moribundos

 

E, neste trágico, pedaço dos pedaços

Ele, que habitou a ter esses embaraços

Fez-me o dono de suspiros profundos

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

26/08/2020, 12’28” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/V4PsDWOKb5I

terça-feira, 25 de agosto de 2020

ALVO

Pra onde houveres, sonho, pra onde fores

Irei também, suspirando a mesma utopia

Para amenizar o penoso logro, a fantasia

E, sossegar a quimera de suas mil dores

 

Que triste, a emoção sem as dadas flores

E eu tão sem agrado e o ser sem alegria

Sonhando sem inspirar a romântica poesia

Pesadelos molestando e fazendo horrores

 

Golpeou-me a direção? Que sorte sombria

Nas escarpadas faces dos postiços amores

De assim magoar-me sem que amor havia

 

Seria a mão do azar, então me tocando?

Se sou sonhador, e o amor com valores

Não o ter, nefasto eu, Deus! até quando?

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

25/08/2020, 10’36” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/ZM9hI4to-0s

BUSCANDO O AMOR

A vós casto vou, desejos sagrados
Nesses sentimentos aí despertos
Que, pra amar-me, estão certos
E, na fidelidade, estão cravados

A vós, divinos beijos, eclipsados
De os carinhos nos lábios espertos
Pois, para mimar-me, são cobertos
E, na cumplicidade, estão atados

A vós, olhos apaixonados, olhai-me
A vós, graças vertidas, pra ungir-me
A vós, caricias langorosas, dai-me

A vós, lhano amor, quero unir-me
A vós, anseio minúsculo, largai-me
Pra ficar maiúsculo, cortês e firme!


© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23/08/2020, 09’17” – Triângulo Mineiro

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https://youtu.be/8pFzGRvkxYw


sábado, 22 de agosto de 2020

FIM DE TARDE

Cindindo a vastidão do céu do sertão

Do planalto, num entardecer encantado

Sulcando as nuvens com raios dourado

Devassando o espanto, e sedutora visão

 

E no horizonte sem fim do torto cerrado

Ei-lo purpureando em toda a amplidão

Abarcando o cenário com tal composição

De matizes, alumiado por dom imaculado

 

Brilha, e se eleva em busca do infinito

O findar do dia, no céu é manuscrito

Auroreando a inspiração, numa poesia

 

Cheio de escarlate, assim, a cintilar

Que se vê na fulgência deste lugar

Vai-se a luz, e vem a noite sombria...

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

20/08/2020, 17’00” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/fpR99jBRDKY


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

AO PÉ DO OUVIDO

Eu fui confidenciar, lôbrego, o meu pesar

À velha lua, branca e nua, no céu viçosa

Na noite acordada, supondo que ao falar

Teria o trovar solto duma queixa amorosa

 

Não quis sequer atenção, então, prestar

No celeste ali estava e, ali ficava gloriosa

Mas, pouco a pouco, num súbito quedar

Vendo um ciciar, pôs a me ouvir cautelosa:

 

Entre soluços e suspiros eu narrava tudo

Ela comovida, pois, poética e apaixonada

Tal como é, romanceou o duro conteúdo

 

Com os olhos cheios d’água, sonhadora

Compadecida desta sofrida derrocada

Então, chorou comigo pela noite afora

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

21 de agosto de 2020- Triângulo Mineiro

paráfrase Pe. Antônio Tomás

 

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https://youtu.be/olzKyePwlR0


quinta-feira, 20 de agosto de 2020

IRREVOCÁVEL

A minha solidão tem sonhos imensos
Que poetam sensações sem arreatas
Onde o eco do querer, em serenatas
Na inquietação, tem vigores extensos

Meu coração tem umas tais colunatas
E ali agitado, vivo com olhares densos 
Atraindo, com devaneios tão intensos
E uns sentimentos e pesares primatas

Nesse templário de sonhos e poesia
Entrei ávido nessa catedral um dia
Pra me contagiar com o doce sabor

Doados pelos cavaleiros medievais
Da paixão, amos destas catedrais:
Me vi, irrevocável, ao provar amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado 
20 de agosto de 2020- Triângulo Mineiro 

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https://youtu.be/4k88zTmh4VM


terça-feira, 18 de agosto de 2020

ONDE O CERRADO MORA

Uma secura à beira de um barranco

No entorno: ipês, buritis, e o pequi

Por todo lado o agigantado céu rubi

No horizonte, um devaneio franco

 

O dia acorda na alva, num só tranco

Onde ouve o canto da brejeira juriti

E o passeio do solitário macho quati

Ali, alvoraçando a vida num arranco

 

 À tardinha, em romaria, o regresso

A melancolia deitada na rede, espera

O entardecer mais bonito, confesso!

 

Se crês na quimera, ela existe, porém:

É no torto do cerrado de falsa tapera

Onde mora, que há encanto também!

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

18/08/2020, 15’17” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/zhEpuH6X2v4

 


A QUARESMEIRA

Pra Quaresmeira ser louvada, não basta

No cerrado, trovar os dotes do encanto

Tem de ter na poesia, o instinto tanto

Da magia e sensação que o belo arrasta

 

De um esplendor e uma tal delicadeza

Nesse sertão de diversidade tão vasta

Seu destaque de flor preciosa e casta

Do lilás dos cachos, adorno da natureza

 

Exaltação aos olhos, de florada ligeira

Chama da paixão, graça, poesia acesa

A essência sedutora da quaresmeira

 

Na admiração, um trescalar misto:

De funesto fase, reflexão e beleza

Em cortejo do martírio de Cristo!

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

18/08/2020, 09’43” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/7yPC2AZU5dw

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

ADVERSO DUM VERSO

Essa sensação de face cansada

Que vês no meu poetar azedo

De trova tremente e mirrada

É falta que lamenta no enredo

 

O versejar pouco camarada

Da satisfação já em degredo

De rima velha e desgraçada

Em que não se profere ledo

 

Ontem, de viço e alegria

Hoje, o choro e sofrência

Um fado. Na vã poesia

 

Nesta dura sina em riste

Do canto em decadência

Verseja um poeta triste!

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

17/08/2020, 16’45” – Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/Kkdyfcbjv3w

SONETO (amor)

Se eu fosse o amor, a eternidade eu seria

Um daqueles tempos de romance de outrora

Aos desencontros eu nunca chegaria

E dos minutos eu faria mais que a hora

 

O melhor da paixão está na quimera

Do olhar que é desviado e que olhou

Dos beijos dados (ah, quem me dera!)

Eu seria o amor infinito, que não passou

 

Eu seria esse amor literário

Cheio de novela, nunca solitário

Que todos espera sempre no coração

 

Numa esperança sempre desejada

Que no querer é promessa renovada

Com pitada de cumplicidade e ilusão

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

17/08/2020, 12’12” – Araguari, MG

paráfrase autor desconhecido

 

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https://youtu.be/17tnoKMwzTM

domingo, 16 de agosto de 2020

A SERIEMA

Falam que a seriema, quando desata

O seu canto, no cerrado ali tranquilo

A viola do roceiro, chora, a segui-lo

Roncando esmorecimento pela mata

 

O retinir, longo, tal um sino de prata

Quando soa, longe, se pode ouvi-lo

Num tal solfejo, em aguda sonata

De um aristocrático canoro estilo

 

Quando a cantata, ressoa amolada

No coração do sertão, bem fundo

A saudade dói, e no peito faz morada

 

E o que mais neste canto se espanta

É que o canto de apenas um segundo

Na alma do sertanejo se agiganta...

 

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

2020/agosto, Triângulo Mineiro

 

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https://youtu.be/lM61RaqDRAk

sábado, 15 de agosto de 2020

O CONDENADO (soneto)

O sentimento está triste. Tão calado

O pensamento solitário, num canto

Com agonia, ali, assim, compassado

E os olhos lacrimejando entretanto...

 

E no sofrimento de um crucificado

Pulsa na dor e chora árduo espanto

Se sentindo, um tal tão desgraçado

No drama e paixão, sem encanto...

 

Do algoz, cruento, e seco cerrado

O silêncio lasca o peito com tensão

Que suspira em pranto, fulminado

 

Tal um réu, um desafortunado, então

Largado na ilusão, e se vendo de lado

Soluça saudades o condenado coração!

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

15 de agosto de 2020 – Araguari, MG

 

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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

O AMOR QUE É AMOR

O amor que é amor jamais vacila

Nas paixões iradas entra sem medo

Leva consigo a afeição e o enredo

Do doce olhar, e o abraço que asila


O desejo é uma variedade tranquila

Pra quem cobiça, pois, vence o quedo

E dum para o outro não tem segredo

Enquanto o apuro o veneno destila 


Amor que é amor, a tudo transforma

Um ato de grandeza e de plataforma

Do bem, onde se tem a sorte ao dispor


Esse esplendor, regado com flores

São muito mais que simples amores

É a natureza do amor que é amor...


© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

14 de agosto de 2020 – Araguari, MG


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domingo, 9 de agosto de 2020

Pai, na saudade


Quando me dei conta da ausência
Na idade madura me encontrava
O senhor não era mais suficiência
Herói e vilão, já não mais estava
Outro o tempo, outra realidade
O passado, passou, ali te amava
Te amo! Hoje, na dura saudade!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09/08/2020 - Cerrado goiano

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FELIZ DIA DOS PAIS!

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Ai da saudade

Quanta saudade  
Há nesta despedida
Dura realidade
A vida!

Ausentar é triste  
O suspirar insiste
E também o amor
Que consola a dor

O vazio agiganta   
A agrura tanta
Tanta saudade
Sua majestade
A saudade tanta

Agora na sua ausência  
Seu carinho na carência
Sua poesia, otimismo, alegria
Nos meus versos, seus!
O adeus. Foi-se a Deus!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
São Paulo, Guaianase, 07/08/2019
Dona Verconda Espadarote Bulus
poetisa entre montanhas e flores,
São José do Calçado perde sua poetisa.
Minha gratidão, minha saudade, meus sentimento

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A ESCULTURA (soneto)


Idealizada, em traços no pó de mármor
Num luzidio de inspiração e de talento
Nas minúcias de fêmea em movimento
Fixas em forma rara, de delicado primor

Transpirando volúpia, vida e portento
Do pó de pedra forjada com tenro amor
Surge a forma e, prostrada em fomento
Abrigo imortal, num cendal esplendor

Do albor da imaginação, dos desejos
Surge assim esquia e férteis latejos
Ante a estátua feita, minha ovação

E o espanto avido do meu espreitar
Põe a beleza e delicadeza no olhar
Dela, a escultura amoldada a mão

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2020, 11’41”  – Triângulo Mineiro
Inspirada na escultura de Eliete Cunha Costa, acervo pessoal

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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

SONETO SEM SONO


Tarde da noite. Ao meu leito me abrigo
Meu Deus! E está insônia! Que conversa
Morde-me o pensamento, e tão perversa
Numa flameja que acorda, tal um castigo

Meia noite. E o silêncio também versa
Tento fechar o ferrolho, e não consigo
Da espertina. E assim impaciente sigo
Olho pro teto, numa quietude inversa

Esforços faço, remexo, me envieso
Disperso, nada! O sono se concreta
E o meu fastio já se encontra farto

Pego no devaneio, e o olhar ali reteso
Arregalado, e nesta apertura secreta
Fico ancorado neste túrbido quarto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/08/2020 – Triângulo Mineiro

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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O AMOR (soneto)


O sentimento é uma formosa safira
Rútila, que o prazer do sentir enseja
Onde a emoção a companhia deseja
E no coração, aceso, flamejante pira

Tal harmônica lira, na poesia suspira
O abraço cativa, com o olhar se beija
E na amizade, ele, o afeto, assim seja!
É ardor com mimo que n’alma delira

É sempre magia e também é donário
Aquele singular poema no seu diário
Ternura e sedosa flor, enredado voo

Na companhia obrigatório alicerce
Onde no caule do bem ele floresce
Só quem tem, quem um dia amou!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/08/2020, 20’01” – Triângulo Mineiro

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domingo, 2 de agosto de 2020

A MORTE DAS VIOLETAS (soneto)


No vaso floreado de variada cor
De suave frescor e delicada trama
Cheias de viço e aveludada rama
Desabrocham as violetas em flor

Pouco estar, e de fugaz esplendor
No seu breve e infortunado drama
Enlanguescida, ela, curva e acama
Tal aos pés da sofrência a fatal dor

E vai perdendo o regalo a violeta
Aos amuos do tempo, ali funesto
Num despojo final, e última reta

E, desbotada e então tombada
Épica, em um derradeiro gesto
Mortal, a violeta se vê imolada

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de agosto, 2016 – Triângulo Mineiro

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sábado, 1 de agosto de 2020

MAL SECRETO (soneto)


Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado

Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace

Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto

Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, 01 de agosto – Triângulo Mineiro

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